Não é atoa que o slogan da minha consultoria é: Entendemos Pernambuco, pena que muitas empresas preferem se desgastar e gastar, para entender também.
É muito comum as empresas que chegam ao mercado pernambucano cometerem erros primários em sua comunicação, talvez isso aconteça por conta do desconhecimento sobre o que eu gosto de chamar de: “o maior bairrismo em linha reta do mundo” O fato é que milhões de reais são investidos em maravilhosas campanhas que seguem direto para a lata do lixo e geram um valor que chega a ser ridículo ou igual a zero, nesse ponto eu poderia escrever um livro sobre comportamento corporativo, que talvez justifique o comportamento de muitos executivos nesse ponto, mas não é o objetivo desse artigo, desejo mesmo é colocar uma luz sobre essa necessidade de “pernambucanizar” ou “nordestinar” as coisas, visando melhorar os resultados. Pronto, grande parte dos executivos de fora do Brasil e também os brasileiros claro, desconhece essa necessidade e aplica métodos de comunicação no formato padrão de suas origens, sem entender que os efeitos disso são gigantes e podem durar meses, anos.
Você pode parar de ler o texto aqui, ou continuar para ver alguns exemplos de comportamentos “nordestinais” adotados por empresas bem conhecidas de todos nós, mas para que você não saia daqui sem ler uma conclusão/opinião minha, ela é a seguinte: Se sua empresa quer entrar em um novo mercado, e isso vale para Pernambuco ou para a China, recomendo que você só se “meta” onde você sabe, quando não souber, tenha humildade para ouvir e aprender. Acredito que dessa forma suas chances de obter resultados interessantes serão maiores em qualquer mercado do mundo. Parece uma máfia não? E é!
Vamos aos exemplos:
Accenture – A empresa lançou seu novo centro tecnológico no Porto Digital em Recife, embora traga uma cultura internacional, a Accenture chamou atenção e se destacou na mídia local graças ao formato escolhido para o escritório e atuação na capital Pernambucana, onde a empresa abandonou algumas regras da matriz e aderiu ao formato de funcionamento local. Nos últimos dois anos, a Accenture demonstrou alto poder de adaptação local, não somente nos processos internos mas em suas estratégias de captação de profissionais e até clientes. A adaptação foi tão completa que pode ser notada na decoração da sede da empresa. [Um comentário rápido: não estou falando que adesivar o escritório é regionalizar ok? ]
Rede Globo de Televisão – A gigante da comunicação no Brasil é também conhecida no Nordeste como “a Globo Nordeste” e atua fortemente na região para difundir sua marca com esse aditivo personalizado. Os empresários fazem anúncios regionais de empresas nacionais e muitos já revelaram uma identificação de seus “Armazéns tradicionais” com a abordagem nordeste da Globo. A emissora também direciona comerciais de seus programas para o Nordeste, ( alguém vai dizer, ela faz isso aqui no meu Estado também, eu respondo: ok! Genial, mas aqui no Nordeste a tv globo faz isso desde 1982 quando nasci ) – existem diversas chamadas da emissora direcionadas ao Recife, Pernambuco e os apresentadores personalizam suas falas para o público nordestino, demonstrando não só a intenção de regionalizar mas principalmente de romper barreiras para vender mais anúncios na região.
JEEP – A gigante do automobilismo, FIAT, dona das marcas americanas Chrysler e Jeep escolheu o nordeste para construir sua planta de fabricação do modelo Renegade ( e agora irá fabricar o Fiat Toro, que utiliza a base do Renegade – eu tinha escrito que ele concorria com o UP e estou fazendo uma correção, o carro que vai concorrer com o Up da VW é o Mobi, confundi os nomes com todo meu conhecimento sobre carros) A estratégia de marketing utilizada no lançamento foi tão ligada ao DNA de produção que refletiu nas vendas, quem precisou comprar um JEEP enfrentou uma espera que chegou a 180 dias. Pode-se notar que o engajamento dos nordestinos com o slogan utilizado pela empresa – “Sou de Pernambuco, cheguei para fazer história” – foi muito grande.
É claro que tenho muitos outros cases, iogurte Vigor, margarinas, shampoo de cabelo e tantos outros produtos que possuem um marketing com o mínimo de sanidade e alguma capacidade de estudar uma região, estruturar uma estratégia que vá além da primeira matéria publicada no jornal e ainda possa ousar em alguns pontos, qualquer equipe de marketing minimamente qualificada é capaz de não errar ridiculamente com entradas de mercado nordestino, que para algumas empresas, mas ai já uma crítica minha, não deve ser considerada claro.
Em resumo, a Azul iria ter que pintar a aeronave mesmo, antes de fazer isso já ganhou a pintura da mídia local, vendeu centenas de bilhetes e espalhou a notícia sem ter gasto um único real adicional, foi uma boa recomendação de sua empresa de consultoria, equipe de marketing e etc, mas foi uma boa receptividade por parte da empresa e foi isso que me chamou atenção motivando esse post.
Comments are closed.